Vender ou vender, eis a questão!

"SP segue cartilha de como administrar errado o futebol"

"São Paulo comemora seu apequenamento"

Os comentaristas escreveram artigos criticando a venda do atacante Brenner do São Paulo para o Cincinnati dos Estados Unidos. O primeiro comentarista disse que: "nunca venderia o principal artilheiro do time na temporada" e culpa o presidente que, segundo ele, está: "rifando uma revelação pra pagar dívida". O segundo acha que o clube se apequenou e cobra explicações da diretoria sobre o destino do dinheiro: "vai pagar salários atrasados? Vai diminuir a dívida?". Os dois comentaristas parecem viver em um universo paralelo, mostrando total desconhecimento da realidade financeira dos clubes brasileiros e do São Paulo, especificamente.

A venda foi ótima, a maior transferência da história de um jogador Sul-americano para o futebol Norte-americano, são 81 milhões de reais + 15% de uma futura venda por um jogador que, na verdade, é uma grande incógnita. Brenner surgiu com destaque na base, nas não conseguiu se firmar no profissional, fez apenas 4 gols pelo São Paulo antes de ser emprestado ao Fluminense, onde foi reserva em 2019 e saiu sem marcar nenhum gol. Retornou ao Tricolor em 2020 e foi o destaque do segundo semestre marcando 22 gols, para finalmente cair de rendimento junto com o time: não marca um gol desde 26/12/20. Qual é o "verdadeiro" Brenner? O artilheiro de 22 gols de 2020 ou o centroavante sem gols de 2019? Provavelmente algo entre uma coisa e outra.

Será que caso ficasse no São Paulo, ele seria destaque novamente, ajudaria a conquistar títulos e poderia ser vendido por um valor ainda maior? Jamais vamos saber a resposta, mas histórias de fracasso como a do atacante Dodô, que deixou de ser vendido para a Europa por uma fortuna e acabou saindo de graça para o Santos (veja o artigo Prevendo o passado), é o que não faltam. A questão, neste caso, é que o clube (assim como quase a totalidade dos clubes brasileiros) não tem dinheiro para "investir" na possibilidade de valorização do jovem atacante. Muito pelo contrário, o planejamento financeiro do São Paulo aponta um endividamento de 578 milhões e a necessidade de venda de atletas de, no mínimo, 176 milhões em 2021.

Em resumo: sim, o São Paulo precisa vender jogadores para pagar as dívidas deixadas pelo antigo presidente, que foram agravadas pela pandemia e pelos resultados ruins no campo. A venda em si foi muito boa para o clube e o presidente atual não tem culpa pela má gestão anterior, é claro. Para encerrar: o fato do jogador, que acabou de trocar de empresário, desejar que a transferência se concretize, é um ponto importantíssimo a ser considerado também.

Agora acontece o seguinte: caso o Brenner se torne o melhor jogador do planeta, você certamente será avisado pelos comentaristas (em um texto no estilo "eu não disse?"), por outro lado, se o Brenner não tiver sucesso, pode ter certeza que estes comentaristas nunca mais vão tocar no assunto.

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