2018 ao quadrado

Ufa... 2018 chegou ao fim e assim encerramos a terceira temporada do blog "Comentarista Ao Quadrado". Os comentaristas, como sempre, não pouparam esforços para serem citados aqui no blog, mas 2018 foi mesmo um ano muito difícil para todos, não é mesmo?

Veja o resultado final de 2018:


Parabéns aos campeões e muito obrigado por nos proporcionar pérolas como estas:

"Rildo ainda não foi preso?"

"País do futebol é a Argentina"

"Anotem: Palmeiras e Flamengo na final da Copa do Brasil"

Esta é a classificação geral após 3 temporadas do "Comentarista Ao Quadrado", a disputa pela ponta continua acirrada:


E este é o quadro de medalhas:


Vamos seguir com muita força, trabalhando e torcendo por um 2019 muito melhor para todos nós. Certamente os "especialistas" vão estar ao nosso lado proporcionando muito conhecimento, previsões e, é claro, muita diversão! Até breve...

Obrigado.

Fake x News


"Se você quiser mandar uma carta com a chamada fake news, já existe o selo ideal."


"Pena que tem quem não conhece história ou não a respeita."

O Palmeiras, em parceria com os Correios, lançou um selo em comemoração ao título brasileiro de 2018. Até aí tudo bem, porém a inscrição "DECACAMPEÃO" provocou um novo embate entre os comentaristas. Do lado esquerdo do ringue, dizendo que para fake news: "já existe o selo ideal", o comentarista corintiano... do lado direito, defendendo o respeito à história, o comentarista palmeirense. Quem leva a melhor? Imperdível!



Não é a primeira vez que os comentaristas se enfrentam... ano passado o embate foi sobre o patrocinador do Palmeiras (veja o texto Aos amigos tudo, aos inimigos a lei). E agora? Quem está certo desta vez?

Quanto ao primeiro comentarista a análise é muito simples: para ele a única maneira de existir justiça é concordar com o que ele pensa. Não existe questões polêmicas, não existe "dois lados da moeda", não existe nada para ser discutido, analisado ou decidido... basta que tudo seja do jeito que ele acha e pronto!

Já escrevi bastante sobre isso, veja alguns exemplos:

- Justo é o que eu acho que deve ser
- Justo é o que eu acho que deve ser 2
- O comentarista parece que não tem o que fazer

Deste modo simplista, o raciocínio do comentarista funciona assim: ele acha que os vencedores da Taça Brasil não devem ser considerados campeões brasileiros, então o Palmeiras não é Decacampeão, fim da história. Como uma criança mimada, tampa os ouvidos e começa a cantarolar bem alto. É claro que não é assim que as coisas funcionam no mundo adulto.

O segundo comentarista, ao contrário, age com aparente lucidez... explica que se a decisão fosse dele, não faria a unificação dos títulos (feita pela CBF em 2010), que se fosse obrigatório fazer, mesmo assim não incluiria os títulos da Taça Brasil, mas independente do que ele acha, como foi a CBF que tomou esta decisão, cabe a todos (jornalistas principalmente) acatar a decisão. Parece justo... ele acrescenta que: "jornalista tem o dever de não distorcer por clubismo, ignorância, pedantismo ou achismo".

Uhm... isto nos leva a um importante questionamento:

O jornalista já pesquisou e escreveu um texto à respeito dos motivos que levaram a CBF a fazer a unificação, à toque de caixa, em 2010? Seria interessante entender e divulgar o contexto da época, a "queda de braço" entre a CBF e o clube dos 13, a necessidade de "retaliação" ao São Paulo cujo presidente, Juvenal Juvêncio, não deu apoio a Kleber Leite, candidato da CBF e causou a ira do presidente Ricardo Teixeira, a necessidade ainda maior de "agradar" Palmeiras e Santos para "desmontar" o clube dos 13, etc. Enfim... teria mesmo a CBF "escrito certo por linhas tortas"? Que tal praticar um pouco mais de jornalismo... sem clubismo.

Comentarista óbvio


"Brasileirão ficou óbvio... Tipo Campeonato Espanhol..."

O comentarista, em sua luta incessante pela volta dos "pontos corridos", escreveu um artigo criticando o Campeonato Brasileiro dizendo que o mesmo: "ficou óbvio... Tipo Campeonato Espanhol" que, segundo ele: "começa e todo mundo já sabe que o título ficará com o Real Madrid ou com o Barcelona". Esta comparação está correta?

Não, a comparação é bem "forçada" e a conclusão pior ainda.

Desde 2003 (início dos pontos corridos) tivemos 7 campeões diferentes no Brasil contra apenas 4 na Espanha no mesmo período. Parece pouco? Não é... isto significa 75% a mais... é bastante!

Compare o número de campeões diferentes desde 2003 nos campeonatos nacionais mais importantes do mundo:

7 = Brasil
7 = Alemanha
7 = França
5 = Inglaterra
4 = Itália
4 = Espanha

Ainda tem algo mais importante: na Espanha os dois maiores vencedores (Real Madrid e Barcelona) ganharam juntos quase 90% dos campeonatos disputados, muito diferente do Brasil onde os dois maiores vencedores não ganharam metade disso (45%).

Vejam a grande diferença nos gráficos a seguir:




Segundo o comentarista: "clubes fora do eixo SP-RJ-MG e RS dificilmente chegam entre os quatro primeiros" e propõe como solução, ao invés de atacar a causa do problema, acabar com a decisão por pontos corridos, adicionando uma série mata-mata no final, que privilegiaria não a qualidade dos times, mas sim a sorte, para a definição do campeão. Uma solução absurda... é o "rabo abanando o cachorro".

Na verdade a vantagem dos times de SP, RJ, MG e RS pode ser melhor analisada (entre outros motivos) pela distribuição das cotas de televisão. Veja, por exemplo, como foi no ano de 2018 (valores em milhões de reais):

170 = Corinthians(SP), Flamengo(RJ)
110 = São Paulo(SP)
100 = Palmeiras(SP), Vasco(RJ)
80 = Santos(SP)
60 = Atlético(MG), Botafogo(RJ), Cruzeiro(MG), Fluminense(RJ), Grêmio(RS), Inter(RS)
35 = Athletico(PR), Bahia(BA), Sport(PE), Vitória(BA)
...

É o "princípio Tostines": os times recebem mais porque são mais vezes campeão ou são mais vezes campeão porque recebem mais?!?

Enfim... de óbvio, temos o já conhecido chororô da volta do mata-mata...

Está desculpado


"Ao contrário de muitos de vocês, nunca estive em um time, em um campeonato, em um vestiário."

O comentarista escreveu um artigo criticando uma série de práticas comuns no futebol, usadas para incentivar os jogadores antes das partidas. Segundo ele "preleção, gritos fanáticos, aves marias berradas em milhões de decibéis, etc... são uma bobagem muito grande". Será mesmo bobagem?

Não exatamente... vários estudos já mostraram a importância da chamada "preleção" como ferramenta de ajustes, de finalização, de motivação, de concentração e de mobilização do grupo para o objetivo comum. A preleção é um instrumento comumente usado não apenas no futebol mas também em outros esportes coletivos como basquetebol ou voleibol. O comentarista, no entanto, fez um ressalva muito interessante em seu texto: "como já confessei algumas vezes, nunca tive habilidade alguma em jogo algum" e o mais importante: "ao contrário de muitos de vocês, nunca estive em um time, em um campeonato, em um vestiário". Ah tá... agora está explicado...

Na verdade o comentarista não faz ideia da importância deste tipo de atividade porque não tem conhecimento no assunto sobre o qual está escrevendo. O comentarista ainda escreveu: "por isto, me desculpem". Claro... você está desculpado, mas o certo seria não dar opinião sobre algo que não tem conhecimento, não é mesmo?

Comentarista rebaixado


"Com Felipão o Palmeiras volta pra segunda divisão!"

O comentarista escreveu um artigo criticando duramente a contratação do técnico Luiz Felipe Scolari pelo Palmeiras. Segundo ele: "a verdade é que Felipão está bem ULTRAPASSADO", disse mais: "ele não tem mais paciência pra peitar os caras no vestiário", e ainda pior: "taticamente está perdido". Para encerrar, o comentarista e vidente previu um final catastrófico: "com o Felipão o Palmeiras vai cair". E aí? O comentarista estava certo?

Errado... muito, muito, muito mesmo, errado...

Em menos de 4 meses de trabalho, Felipão conseguiu sair da parte intermediária da tabela e levar o Palmeiras ao título do Campeonato Brasileiro. O Palmeiras com o Felipão fez 54 pontos em apenas 21 jogos, o que deixaria o clube na sétima colocação contra os demais times jogando todas as 38 partidas! Ou seja, Felipão conseguiu com um turno mais dois jogos, fazer mais pontos do que 13 clubes em todos os seus jogos! De quebra, Felipão se tornou o treinador mais velho a conquistar o campeonato mais importante do país.

E quanto à previsão de rebaixamento?

O Palmeiras acabou o campeonato com 80 pontos, quase o dobro dos 42 pontos do Sport (o primeiro dos rebaixados). Considerando apenas os 54 pontos conquistados nos 21 jogos sob o comando do Felipão, o Palmeiras ainda ficaria confortáveis 12 pontos na frente do rebaixamento.

Vexame! Vergonha!


"Eliminação é eliminação"

O comentarista escreveu um texto criticando os técnicos e dirigentes que diante de uma eliminação, preferem enaltecer a boa partida de seu time e: "colocam a culpa no jogo anterior". Segundo o comentarista: "ninguém assume a responsabilidade", "é muita desculpa", para ele: "eliminação é eliminação" e pior, diz que o nome disso é: "vexame, vergonha". O comentarista está errado...

Em primeiro lugar o óbvio... o comentarista reclama das "desculpas" dos treinadores... ora bolas! O que o comentarista queria? Que o técnico chegasse na coletiva de imprensa e dissesse: "perdemos o jogo porque nosso time é mais fraco que o deles, especialmente o nosso goleiro que, conforme temíamos, tomou um frango no segundo gol... o nosso meia é péssimo, só está jogando porque não temos nenhuma outra opção aceitável já que o clube está quebrado"... aí estaria bom? Sem desculpas... direto no ponto... acaba com a auto-estima do time, destrói a carreira de um ou dois, desvaloriza o patrimônio do clube e depois ainda toma "paulada" de todos os comentaristas, incluindo ele próprio e, é lógico, acaba demitido. Você conhece algum empresário com esta franqueza? Tipo: "nosso telefone está fazendo menos sucesso que o rival porque ele é de pior qualidade, tem menos memória e, para dizer a verdade, é bem feio!". Eu nunca vi...


Em segundo lugar o mais sutil... eliminação NÃO É NECESSARIAMENTE sinônimo de "vexame" ou "vergonha". Se ele fala isso, provavelmente, nunca disputou nem campeonato de par ou ímpar! Toda vez que temos um jogo eliminatório, um time passa e o outro é eliminado, simples assim... um continua e o outro é sai... é um jogo, por mais preparado que um time esteja, por mais superior que ele seja, especialmente em se tratando de futebol, ele pode ser eliminado... tratar isto, toda vez, como vexame ou vergonha é de uma simplicidade extrema, rasteira, que não se espera de um "especialista" do esporte.