Futebol perde com falhas de comentarista


"São Paulo perde com falha de Lugano"

A defesa do São Paulo falhou, mas as falhas do comentarista foram bem piores. Falhou três vezes.


Primeiro: ao dizer que o São Paulo: "fica muito com a bola, mas não sabe o que fazer com ela" e omitir que o time tricolor teve também chances claras de gol (chute do Ganso no travessão, cabeçada do Lugano por cima do gol, chute do Caleri perto da trave, chute do Caleri com defesa do goleiro, cabeçada do Lugano perto da trave, chute do Rogério com defesa do goleiro e chute do Caleri cortado pelo zagueiro).


Segundo: ao afirmar que a falha foi de Lugano por: "permitir que a bola passasse sobre o seu pé". Talvez ele pudesse interceptar a bola se desse um "carrinho", mas quais seriam as consequências deste movimento? Jamais saberemos... mas se o carrinho terminasse com "gol contra" uma coisa seria certa: o "carnaval" que o comentarista iria fazer. Mas, veja bem, o São Paulo não impede o bom lançamento ao jogador da Ponte Preta, não evita o cruzamento, não corta a bola que cruza a área, não marca o jogador que chuta no gol e a falha é de quem? Do Lugano?

Terceiro: a falha não foi do Lugano, mas vamos imaginar que tivesse sido... por que colocar com destaque no título? O futebol é um esporte coletivo jogado em 90 minutos, por que dar tanto destaque a uma (suponha que tivesse acontecido) falha individual no segundo jogo do ano do jogador? Ele está praticamente em pré-temporada e fez um jogo muito seguro. O comentarista, inclusive, omitiu que o jogador fez um ótimo bloqueio de chute do jogador da Ponte Preta em chance claríssima de gol.

A impressão que fica é que o comentarista está tão ávido para criticar (talvez a palavra "cornetar" fosse melhor) o ídolo do São Paulo que nem sequer teve paciência para esperar uma falha de verdade. Tenha certeza que Lugano irá falhar, todos nós falhamos, comentaristas falham, mas quando isso acontecer, não jogue o atleta aos leões...

A idade está na cabeça (dos comentaristas principalmente)


"Estádio do Morumbi envelheceu mais do que os Rolling Stones"

Com o objetivo de criticar o estádio do Morumbi o comentarista repercute texto de Thales de Menezes, que compara os veteranos do Rolling Stones, que estariam com fôlego de garotos, com o "veterano" estádio, que estaria: "mais caquético". Logo no início ele escreve: "É consenso que o estádio do São Paulo precisa de uma reforma". Primeiro uma questão de ordem: consenso entre quem? Quem foi consultado? A qual pesquisa ele se refere? Consenso entre o comentarista e seu teclado? Em seguida vem o principal: o comentarista afirma que o Morumbi precisa de reforma, ótimo, a próxima pergunta é: o que não está bom? O que precisa ser reformado? O comentarista tem as respostas, vamos a elas com os devidos comentários:

"Lá é ruim para chegar e mais complicado ainda para sair. Sem uma linha de metrô próxima"

Será que a reforma que ele se refere significa demolir o estádio e construir em outro lugar? Ou será que levar uma linha de metrô até o estádio (que foi prometido pelo estado como obra para a Copa do Mundo de 2014, mas não foi cumprido) seria considerada uma "reforma" que o São Paulo poderia fazer?

"Ir de carro obriga o fã a enfrentar trânsito pesado para chegar à região"

A obra no estádio deve incluir a melhoria na mobilidade urbana da cidade?

"Para estacionar, flanelinhas nada simpáticos chegaram a cobrar R$ 200"

A reforma deve melhorar o policiamento para complementar o oferecido pelo estado/município?

"Nas ruas laterais ao estádio, as saídas do público convergiam para o mesmo trecho, causando tal congestionamento humano"

Problema semelhante ao enfrentado no estádio do Palmeiras que, ao contrário, é exaltado no texto.

"Respeitar o lugar marcado no ingresso é tarefa quase impossível na arquibancada. Na última checagem do procedimento de entrada, o ingresso fica retido deixando a pessoa sem uma prova da localização exata de seu assento"

Vejam só, mais um ponto em que fica claro a necessidade de uma obra civil caríssima no estádio para corrigir um simples procedimento errado com relação ao ingresso na entrada. Sabe-se lá, inclusive, se este procedimento tem algo a ver com o São Paulo ou com a organização do show.

"Em relação a um show dos Stones na Europa ou nos Estados Unidos, a coisa complica mais. Lá não tem a separação insana da pista VIP, invenção elitista e mercenária no Brasil"

Como uma reforma no estádio pode mudar este procedimento adotado pela organização do show no Brasil? Por que isso mostra que o estádio está "caquético"? Meu Deus... é de doer...

Ih... esqueci


"Esqueça a falta de esses no final das frases. Esqueça o estilo agressivo e mal-educado com que trata jornalistas. Esqueça a arrogância atual da Fiel. Esqueça seus preconceitos. Esqueça o natural instinto de autodefesa. Esqueça como é difícil conviver com os corintianos nesse período em que criaram essa bobagem de “anti'', esqueça essa tentativa que eles têm de reconstruir a própria história, criando cenas épicas onde não há nada, esqueça a história da fundação sob a luz do lampião, esqueça…"

Esqueça isso, esqueça aquilo, esqueça que o Corinthians caiu para a segunda divisão quando ele era presidente, esqueça tudo... esqueceu? Segundo o comentarista, se você se esquecer de tudo que é ruim, então você: "pode reconhecer que André Sanches é o maior dirigente esportivo do Brasil". Sensacional! Que lógica interessante! Seguindo o mesmo raciocínio, basta esquecermos das coisas ruins de qualquer pessoa e chegaremos à conclusão que este indivíduo é o maior preencha-aqui-com-o-que-você-quiser do Brasil. Mais ou menos assim: esqueça todos os artigos ruins que uma pessoa escreveu... esqueceu? Então esta pessoa é o maior comentarista do Brasil.

Duas camisas, duas medidas


"São Paulo estréia tropeçando no Paulista"
Blog do Fernando Sampaio (30/01/16)
"Corinthians arranca bom empate em Araraquara"

Em 30/01/16, o São Paulo fez o seu primeiro jogo no Campeonato Paulista. O jogo foi contra uma equipe do interior (Red Bull), no interior (Campinas) e segundo o próprio comentarista em um: "Estádio caindo aos pedaços, sem a menor infra estrutura, gramado ruim". Resultado final: empate em 1 a 1. Análise do comentárista: "tropeço" do São Paulo.

Em 21/02/16, o Corinthians fez o seu quinto jogo no Campeonato Paulista. O jogo foi contra uma equipe do interior (Ferroviária), no interior (Araraquara) e segundo outro comentarista (Juca Kfouri) na: "bela Fonte Luminosa, com gramado perfeito". Resultado final: empate em 2 a 2 (com marcação de pênalti duvidoso a favor do Corinthians em lance claro de "bola na mão"). Análise do comentarista: "bom empate" do Corinthians.

Como as situações são bem semelhantes, ficam as seguintes dúvidas:

1. Por que quando o São Paulo empata não é um "bom empate"?

Ou

2. Por que quando o Corinthians empata não é um "tropeço"?

Não vale a pena ver de novo


"Palmeiras tropeça em sua estréia na Libertadores e o cargo de Marcelo Oliveira segue por um fio!"

E a "novela" se repete... basta um time grande "tropeçar" em algumas partidas (seja lá qual for a definição de "tropeçar" no "dicionário dos comentaristas"), que lá vem um "especialista" dizer que o técnico está próximo de ser demitido. Como ele sabe? Quais são as suas fontes? Pior do que isso, normalmente o comentarista defende a demissão, como neste caso em que o comentarista escreve: "Pela fragilidade do adversário, era jogo para ganhar ... ou até para golear", "o Verdão agora soma nada menos do que quatro partidas sem vencer. Muita coisa para um time que tanto contratou", "Por conta disso, o técnico Marcelo Oliveira ... está mais do que nunca na corda bamba". A diretoria sempre nega... mas a torcida "sente" a crítica do super conhecido comentarista, que tanto entende sobre o assunto e começa a cobrar a saída do técnico. Assim que o técnico é demitido, a situação se inverte... os comentaristas passam a criticar os dirigentes do time por não terem dado tempo suficiente para o técnico trabalhar! É Novela sim... e daquelas bem ruins...

A audiência de alhos é maior do que a de bugalhos


"Audiência da final da Copinha dá mais força contra as cotas iguais na TV"

O comentarista, repercutindo o artigo escrito por Maurício Stycer, questiona as pessoas que não concordam com a atual divisão de cotas da TV (que beneficiam demasiadamente Flamengo e Corinthians), usando como argumento, a audiência da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O argumento é uma falácia. O artigo compara a audiência da final (Ibope: 15 pontos em São Paulo e 14 pontos no Rio de Janeiro) conseguida na Segunda-feira (feriado em São Paulo) com a audiência das últimas Segunda-feiras no mesmo horário, dos programas "Bem Estar", "Encontro com Fátima Bernardes" e noticiário local. É um absurdo, ele compara a audiência de um jogo final com a audiência de programas de auditório e conclui: os dois times tem que ganhar mais! Errado. Totalmente errado.

Além disto, existe outro ponto até mais importante... o que se discute NÃO é se a divisão das cotas deve ser igual ou não. Mas sim, uma forma mais justa de divisão das cotas. Por exemplo, a proposta de divisão adotada pela Premier League que é feita da seguinte forma: 50% é distribuído de forma igualitária, 25% de acordo com a classificação no campeonato e os outros 25% levando em conta a audiência de cada time nas transmissões. Não seria melhor? Não seria mais justo?