Complexo de vira-latas babão?


"País do futebol é a Argentina"

O comentarista adora falar mal do futebol brasileiro... é lógico que tem muuuita coisa errada no Brasil, todos nós sabemos, mas o comentarista foi contaminado pelo vírus do "tudo que é de fora é melhor do que o nosso" de um tal modo que, muitas vezes, chega até a ser ridículo. Neste caso, certamente empolgado pela final argentina da Libertadores entre Boca e River, o comentarista escreveu um artigo dizendo que o Brasil não é o país do futebol, na verdade: "país do futebol é a Argentina". Tolice.

Em primeiro lugar, se a final da Libertadores fosse entre o Palmeiras e o Grêmio (o que não faltou muito para ter acontecido), teríamos aqui no Brasil a mesma empolgação que está acontecendo na Argentina, estádios cheios para assistir os treinos, o noticiário só falaria neste assunto, os comentaristas então nem se fala, não é mesmo? Enfim... tudo mais ou menos igual.


Em seguida o jornalista saudosista escreveu: "fomos, por meio século, o país do melhor futebol" mas "hoje somos meros exportadores de pé de obra", ora vejam só que incoerência... então não somos mais o país do futebol mas exportamos jogadores como nunca antes? Por que será que exportamos tanto então? Os outros países gostam de contratar jogadores medíocres? O raciocínio está torto...


Enfim o comentarista tenta diminuir o Brasil dizendo que 41% da população brasileira não se interessa por futebol, omitindo que, por outro lado, 49% dos brasileiros, ou seja, mais de 100 milhões de pessoas, tem interesse médio ou alto pelo esporte. Isto representa uma população maior do que 96% dos países do mundo, 2 vezes e meia a população inteira da Argentina. No total são mais de 30 milhões de praticantes de futebol no Brasil! Se este não for o país do futebol, vai ser o país do que? Do lançamento de aviãozinho de papel à distância?


O comentarista encerrou escrevendo: "não se trata de complexo de vira-latas nem de babação aos estrangeiros"... sei... seria o caso das duas coisas ao mesmo tempo?


Em tempo: foi só o comentarista "encher a bola" da Argentina para, no dia seguinte, a final da Libertadores do "país do futebol" virar vergonha mundial :-(


O "caso Nenê"


"Nenê pode dar certo como um coadjuvante de elenco."


"De aposentado não tem nada. Está jogando muito. É um dos melhores do campeonato."


"Nenê? Dois anos de contrato para um jogador mimado e em fim de carreira?"

Os comentaristas de futebol adoram criticar o trabalho dos outros... jogadores, dirigentes, árbitros, todos são incompetentes... medíocres. Que tal se os comentaristas praticassem um pouco de auto-crítica de vez em quando? Vejam só que curioso este caso... vamos chamar de "caso Nenê":

Momento 1 (Jan-18)


Após uma péssima temporada (2017), o São Paulo anunciou a contratação do jogador Nenê. O comentarista escreveu um artigo criticando duramente a contratação, disse que o jogador estava velho, aposentado, que apesar do salário mais baixo o tempo de contrato (2 anos) era muito longo e que ele não servia para ser reserva do reserva do Cueva, no máximo: "um coadjuvante".


Momento 2 (Jun-18)


O São Paulo estava numa crescente no campeonato brasileiro, ganhou do Atlético Paranaense no Paraná e goleou o Vitória no Morumbi. O comentarista, em êxtase, era só elogios a Nenê: "De aposentado não tem nada. Está jogando muito. É um dos melhores do campeonato. Corre muito. Corre certo. Tem ótima colocação em campo. Dá ritmo ao time e também sabe parar com o ritmo dos rivais. Faz cera, breca o jogo. E tem bola parada.". Sério mesmo? Cadê o Nenê velho, aposentado, que não serve para reserva do Shaylon?


Momento 3 (Nov-18)


Após liderar o campeonato por várias rodadas, o São Paulo caiu demais e ocupa a quinta posição faltando apenas algumas rodadas. O comentarista voltou a criticar o Nenê!!! Disse que Raí errou na sua contratação, reclamou novamente do tempo de contrato, chamou o jogador de: "mimado em fim de carreira" e questiona: "o que fazer com ele em 2019?". Aí eu pergunto: Cadê o melhor jogador do campeonato, aquele que corre muito, tem ótima colocação, dá ritmo, faz tudo certo e ainda é ótimo na bola parada? Cadê o Pelé que o comentarista viu no meio do ano?


Já sabemos que o comentarista errou, só falta decidir em que momento ele errou mais...


Não acerta nem que a vaca tussa


"O Grêmio não será derrotado nem que a vaca tussa"

Sabe a "maldição Mick Jagger"? Sempre que o cantor aparece em um jogo ou demonstra qualquer tipo de apoio a um time, não dá outra: a equipe perde! Pois é... parece que temos um "Mick Jagger brasileiro"! Toda vez que o comentarista "crava" que algum time "já ganhou", a maldição acontece, e o time perde! Por que será que isto ocorre?

O comentarista, mais uma vez, olhou em sua "bola de cristal" e escreveu na véspera de Grêmio 1 x 2 River, partida que eliminou o time brasileiro da Copa Libertadores: "o Grêmio já passou", "nem o mais pessimista torcedor do Grêmio perdeu o sono nesta noite" ou "o Grêmio deverá passar o trator na equipe comandada por Marcelo Gallardo". Sábias palavras, não é mesmo?


Será que ele é tão ruim assim? Motivos para pensar desta forma não faltam... veja, por exemplo, os textos Bolão do azarão, Quem? Quem? Quem? ou Mais um passo foi dado. Ele não sabe da imprevisibilidade do futebol? Não percebeu isso nos "trocentos" anos que acompanha o esporte? Continua errando e mesmo assim não aprende? Pior... não tem vergonha? Mistérios...